Não deixa de ser paradoxal a coexistência de um quadro jurídico que restringe o recurso ao trabalho temporário e o crescimento que esta atividade tem sentido nos últimos 25 anos em Portugal.
Inicialmente, o trabalho temporário começou por ser apresentado como uma modalidade de contratação para necessidades específicas, nomeadamente acréscimos excecionais da atividade, substituições pontuais, atividades sazonais ou projetos de duração limitada.
Esta realidade evoluiu e o trabalho temporário passou a ser uma ferramenta de gestão fundamental para as empresas adequarem a sua estrutura humana ao ciclo de vida dos projetos, ou seja permitiu um aumento da flexibilidade contratual e consequentemente uma redução dos custos fixos.
Passados 25 anos desde a sua legislação, o trabalho temporário é procurado cada vez mais para funções específicas e core das empresas utilizadoras, permitindo aos clientes concentrarem-se nas áreas nucleares da sua atividade, na transformação de processos e na inovação.
Desta forma, hoje os clientes procuram outros benefícios no recurso ao trabalho temporário, como por exemplo um maior nível de especialização na função, uma oferta qualificada de candidatos e um nível de acompanhamento que permita ao/à trabalhador/a temporário/a sentir-se perfeitamente integrado/a na organização.
Perante esta realidade as empresas de trabalho temporário têm que adaptar o seu modelo de organização com vista a aumentar o seu grau de especialização. Desta forma, exige-se estruturas flexíveis, conhecedoras dos setores e com um elevado sentido de orientação para os clientes e colaboradores.
A título de exemplo, a Talenter™ está hoje estruturada por unidade de negócio, ou seja agregados relativamente homogéneos de setores de atividade. Sendo que constrói e desenvolve toda a sua oferta de serviços em função desse “perfil” de cliente.
Neste caso, a especialização é uma consequência do posicionamento, que por sua vez tem uma tradução organizacional e cultural. Ou seja, as unidades de negócios representam “micro” estruturas, com uma submarca e identidade própria.
Num estudo efetuado recentemente, a DBK identifica o preço como o principal fator diferenciador no momento da opção por uma determinada empresa de trabalho temporário, no entanto reconhece que a proximidade geográfica e qualidade do recrutamento e seleção são muito importantes na hora da decisão.
Sendo assim, é fundamental acreditar que a especialização e a qualidade do serviço ou melhor a especialização como forma de melhorar o nível de serviço será o caminho para contrariar a atual estratégia de “ditadura” dos preços, que desvaloriza uma ferramenta fundamental para a competitividade das organizações.
Historicamente, após as grandes crises como a que agora atravessamos, reinventa-se a forma de fazer as coisas, quer seja na gestão ou noutra atividade qualquer. Se considerarmos que são as pessoas quem mais contribui para o sucesso ou insucesso das organizações, provavelmente vamos assistir uma reinvenção nos modelos de gestão de pessoas!
Wellow™ to a brighter future!
Por César Santos | Founder & President Wellow™ Group
